- Deixe-me em Paz, se faz favor!
- Como disse? Eu não lhe fiz mal nenhum! - defendeu-se o taxista.
- Deixe-me em Paz, a vila que fica do outro lado das montanhas. - explicou o estranho.
- Ah, com certeza! Entre que eu levo-o lá!
O táxi arrancou e o motorista perguntou:
- Então, o que o leva a querer ir a Paz? Lá não se passa nada...
- Não se passa nada? Não há bombas, não há pessoas a bater em pessoas, não há roubos ou discussões. E nisso você tem razão, não se passa nada, mas veja bem... Lá temos escuteiros a cantar à volta da fogueira, piqueniques, jogos de futebol, torneios de pingue-pongue e jantares no restaurante. Não é isso bem mais interessante que uma guerra ou mais estimulante do que o crime nas ruas?
- Mas essas coisas não passam nas notícias. Não têm gosto nem sabor...
- Ora, meu caro senhor. Não tenho vontade nenhuma em aparecer nas notícias. Não quero ser entrevistado por me ter caído uma bomba no telhado. Ou por ter ficado sem a carteira enquanto fazia compras no shopping. Ou por ter partido uma vitrina de uma loja só porque me apeteceu. Quero paz e sossego. Portanto, deixe-me em Paz.
E o taxista assim fez. Mas como não gostava de viver longe do barulho das bombas, regressou à sua cidadezinha. Uma semana depois, enquanto foi comprar o jornal à tabacaria, uma bomba caiu-lhe em cima do táxi.
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