Érica Santana: Fala-vos
Érica Santana em direto da fábrica de brinquedos do Polo Norte para anunciar
que este ano não haverá Natal. É verdade. As máquinas avariaram logo não há
brinquedos. A única coisa que se consegue produzir na fábrica são botões de
punho. Tenho aqui comigo o supervisor da linha de montagem, o Duende Queixo
Quebrado, que nos irá contar o que sucedeu.
Queixo Quebrado: Pois
é, realmente é uma pena! Está a ver aquele painel com botões coloridos? É ali
que, carregando nos botões certos, escolhemos os brinquedos que queremos fazer.
Depois, estes saem na passadeira prontos a embrulhar. No entanto, agora, da
máquina só saem botões de punho. E somente de uma cor. Cor-de-rosa. Não há
outras cores.
Érica Santana: Curioso!
A que se deve esta avaria?
Queixo Quebrado: Não
é bem uma avaria…
Érica Santana: Então,
o que é?
Queixo Quebrado: Bem…
É mais uma birra. Quer ver? Carregue naquele botão. O azul.
Érica Santana: O da
esquerda ou o da direita?
Queixo Quebrado:
Tanto faz.
Érica Santana:
Pronto, já está!
Mecanismos (em coro):
Nunca. Nunca Nunca mais. Brinquedos não! Pistas de carros? Bonecos de peluche?
Triciclos? Bah! Não os fazemos e pronto, está dito! Queremos fabricar algo
útil! Botões de punho, é isso. É o que faremos. Em tons de rosa. Retangulares,
triangulares, pentagonais, redondos… É o que faremos e não se fala mais nisso!
Érica Santana: Realmente
têm um problema grave entre mãos. Eis que se aproxima o Pai Natal. Boa noite,
Papá. Quer dizer alguma coisa acerca do que se está a passar?
Pai Natal: Realmente,
é lamentável toda esta situação. O que vou dizer às crianças? Que eu saiba não
há crianças que gostem de botões de punho no Natal. Para além disso, os botões
de punho são perigosos pois as crianças podem lembrar-se de os pôr na boca e
ficarem com eles entalados na garganta.
Érica Santana: E não
há nada que se possa fazer?
Pai Natal: Nada que
eu me lembre. A única ideia que me ocorre é choramingar e espernear até que as
máquinas se decidam a voltar a funcionar em condições.
Duende Firmino
Vendaval: Mestre, as máquinas querem falar consigo!
Pai Natal: Que me
querem? Falemos então com elas, pois então!
(Dirige-se às
máquinas)
Pai Natal: Que me
quereis? Arreliar-me ou dar-me boas notícias?
Mecanismos: Queremos
saber por que razão é que os duendes deixaram de nos aquecer as caldeiras? Por
que não nos alimentam? Se o lume morre, já não podemos fabricar botões…
Pai Natal: E depois?
Que vos falte o alimento e que parem, é esse o meu desejo, não me rala nada!
Mecanismos: Por que
nos tratas assim, homem cruel?
Pai Natal: Porque o
Natal está à porta e vocês condenaram as crianças a uma noite tristonha sem
brinquedos…
Mecanismos: E Natal
sem brinquedos não é Natal?
Pai Natal: É, mas, se
podemos alegrar a noite da consoada com brinquedos por que não fazê-lo? É pedir
muito?
Mecanismos: Mas e
depois? Como podemos nós produzir botões de punho se nos dedicarmos aos
brinquedos?
Pai Natal: Então e se
produzissem tudo ao mesmo tempo?
Mecanismos: Como
assim, ó Patriarca?
Pai Natal: E se
cosessem os botões de punho aos brinquedos? Botões nos fatos dos bonecos de
corda, botões nas campainhas das bicicletas, botões a servir de faróis na
dianteira dos carros de fricção, botões a servir de olhos nas marionetas…
Mecanismos: Sim,
supomos que a ideia não é má. Trataremos disso agora mesmo! Meninas, vamos a
isso. Mãos à obra!
Duende Firmino
Vendaval: Mestre, o senhor é formidável! Salvou a noite de Natal!
Pai Natal: Como é
hábito, eu dou solução a todos os problemas. Por isso sou eu o gerente desta
fábrica!
Érica Santana: E
daqui é tudo. O problema resolveu-se mesmo antes de eu terminar a emissão. Um
bom Natal para todos e é com imensa satisfação que antevejo um Natal cheio de
brinquedos. E milhares de botões de punho rosadinhos espalhados por todos os
cantos do nosso planeta.
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