segunda-feira, 13 de março de 2023

Deixe-me em Paz!

   Numa manhã de nevoeiro, um estranho de gabardine bateu à janela de um táxi e pediu:
  - Deixe-me em Paz!
  O taxista olhou perplexo para o estranho e retorquiu: 
  -Mas eu não lhe fiz mal!
  - Eu sei, mas quero que me deixe em Paz, a cidade.
  O taxista pôs o pé no acelerador e foi-se embora, porque tinha mais que fazer e não estava para aturar piadas secas.
  Não havendo mais táxis na praça, o estranho mandou vir outro através do telemóvel. Um novo carro parou perto dele e, de vidro aberto e braço de fora, o condutor perguntou:
  - Bom dia, foi você que pediu um táxi?
  - Sim, fui. Gostaria que me deixasse em Paz!
  - Ah, não precisa de ser indelicado. Eu só perguntei se tinha pedido um táxi. Passe um bom dia. - E arrancou deixando para trás uma nuvem de fumo.
  Mas que pouca sorte! Tinha de estar em Paz para uma reunião de negócios às dez da manhã, já eram nove e meia, e ainda não conseguira transporte para lá.
  Quando menos contava, parou ao seu lado uma furgoneta amarela e de lá de dentro ouviu-se uma voz feminina:
  - Por favor, não se importa de me dizer onde fica Paz?
  O estranho fixou-a satisfeito e não perdeu tempo a responder:
  - Farei melhor do que isso. Mostrar-lhe-ei o caminho. Deixe-me entrar que eu a levo lá.
   - Ah, eu agradecia. É que eu tenho uma reunião às dez e já estou atrasada. Ainda por cima, sou eu quem vai presidir à reunião e tenho estar lá antes de todos.

Alice Antunes, 3.º Ano

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